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Babá - s. m. Termo ioruba,
significa pai. Pai ou ancestral, no
culto ioruba. Pai-de-santo.
Bahia - s. f. Nome com que se
designa um acidente geográfico e
um Estado da federação do Brasil.
O acidente geográfico é a Bahia
de Todos os Santos, que recebeu
esse nome de seu descobridor, o
Capitão-mor Cristóvão Jacques,
que, encontrando-se diante de
uma larga e ampla enseada,
denominou-a baía. Como a
descoberta foi no dia 1o. de
novembro de 1526, dia em que a
Igreja festeja todos os santos,
então o acidente passou a se
chamar Bahia de Todos os Santos,
estendendo-se a denominação ao
Estado da federação.
"Baiana" - (gíria antiga, transcrita
em 1886 por Plácido de Abreu) s.
f. Joelhada que se dá depois de se
haver saracoteado para tapear o
inimigo.
Bamba - [Do quimbundo
mbamba.] s. m. 1. Valentão. O
exímio capoeirista. 2. Pessoa que
é autoridade em determinado
assunto.
Bananeira - s. f. Movimento pelo
qual o capoeirista se movimenta
de cabeça para baixo,
equilibrando-se sobre as mãos.
Banda - s. f. Golpe
desequilibrante, proveniente do
batuque (ver o verbete abaixo),
introduzido na Capoeira por
Mestre Bimba. Há vários tipos de
bandas: de frente, de costas,
cruzada, traçada.
"Banho de fumaça" - (gíria
antiga, transcrita em 1886 por
Plácido de Abreu) s. m. Tombo.
Banto - [Do cafre ba-ntu,
homem, pessoa] s. m. Indivíduo
dos bantos, povo negro da África
Central ao qual pertenciam, entre
outros, os negros escravos
chamados no Brasil angolas,
cabindas, benguelas, congos,
moçambiques. Banto é família
lingüística e não etnográfica ou
antropológica. Inclui duzentas e
setenta e quatro línguas e dialetos
aparentados.
Banzo - s. m. Nostalgia mortal
dos negros da África: "Uma
moléstia estranha, que é a
saudade da pátria, uma espécie de
loucura nostálgica ou suicídio
forçado, o banzo, dizima-os pela
inanição e fastio, ou os torna
apáticos e idiotas." (João Ribeiro,
História do Brasil, p.207)
Bará - [Do nagô] s. m. É uma
qualidade de Exu, deus nagô,
mensageiro entre os demais
deuses e os humanos.
Etnograficamente falando, Bará é
chamado todo Exu de caráter
pessoal ou privado. Assim, cada
deus tem o seu Exu ou escravo,
como também se diz, de caráter
privado, que se chama Bará, daí
ouvir-se falar em Bará de Oxossi,
Bará de Oxalá, Bará de Ogum e
assim por diante. O mesmo
acontece com o eledá (Deus
guardião da pessoa) de cada
indivíduo, que também tem o seu
Bará. Todo Bará leva um nome
que o distingue dos demais e se
identifica com seu dono.
Baraúna - s. f. Designa uma
árvore de grande porte,
Melanoxylon barauna, Schot. É
termo tupi de ybirá-una, a
madeira preta.
Barravento - s. m. 1. O mesmo
que barlavento. Termo de origem
ainda incerta. É termo náutico já
registrado pelo Barão de Angra,
com o significado de "lado donde
sopra o vento". 2. Designa
também o ato de uma pessoa
perder o equilíbrio do corpo,
como se sentisse uma ligeira
tontura. 3. Nome que se dá a um
toque litúrgico, nos candomblés
de nação Angola, assim como aos
cambaleios que dá qualquer
pessoa antes de ser totalmente
possuída pelo orixá dono de sua
cabeça.
Barro Vermelho - s. m.
Topônimo designativo de um
lugarejo existente na ilha de
Itaparica, na Bahia.
Batuque - s. m. 1. Designação
comum às danças negras
acompanhadas por instrumentos
de percussão. 2. Luta popular, de
origem africana, também chamada
de batuque-boi; muito praticada
nos municípios de Cachoeira e de
Santo Amaro, e na capital da
Bahia. A tradição indica o
batuque-boi como de procedência
banto. Diz Édison Carneiro
(Negros Bantos): "A luta
mobilizava um par de jogadores,
de cada vez. Estes, dado o sinal,
uniam as pernas firmemente,
tendo o cuidado de resguardar o
membro viril e os testículos.
Havia golpes interessantíssimos,
como a encruzilhada, em que o
lutador golpeava coxa contra
coxa, seguindo o golpe com uma
raspa, e ainda como o baú, quando
as duas coxas do atacante davam
um forte solavanco nas do
adversário, bem de frente. Todo o
esforço dos lutadores era
concentrado em ficar em pé, sem
cair. Se, perdendo o equilíbrio, o
lutador tombasse, teria perdido,
irremediavelmente, a luta. Por
isso mesmo, era comum ficarem
os batuqueiros em banda solta,
isto é, equilibrados numa única
perna, a outra no ar, tentando
voltar à posição primitiva".
Bênção - s. f. Golpe contundente,
ou apenas desequilibrante, do jogo
de Capoeira. Um dos movimentos
básicos, em que o capoeirista
aplica um chute com a planta do
pé na altura do plexo solar do
adversário.
Benguela - (topônimo) s. m.
Corruptela de banguela ou
banguelo. Pessoa sem dentes; sem
os incisivos. Encontra-se o
vocábulo em algumas "cantigas de
escárnio". Ex:
"Acho ser coragem sua
Me convidar pra martelo,
Que eu não respeito outro homem
Quanto mais um amarelo,
Que, além de amarelo, é torto
É, além de torto, é banguelo."
O costume de limar os dentes, por
motivos estéticos ou religiosos, é
encontrado em lugares diversos.
O vocábulo interessa à etnologia
brasileira por estar ligado com
uma fonte exportadora de
escravos em Angola. Os negros
banguelas ou ganguelas, liumbas,
loenas cortam os dentes.
Berimbau - (Ver página Os
Instrumentos, em Música)
Besôro - s. m. 1. Corruptela de
besouro. A maioria dos lingüistas
considera desconhecida a origem
do termo. Designação comum aos
insetos coleópteros. 2. Na
capoeira, geralmente é nome
próprio personativo, designando o
capoeirista Manuel Henrique,
conhecido como Besouro Cordão
de Ouro, ou Besouro Mangangá,
um dos heróis míticos da
capoeira.
Besouro Cordão de Ouro - Nome
próprio personativo. Ver Besôro
(2).
Biriba - s. f. É a madeira mais
comumente usada para se
confeccionar a verga do
berimbau.
Boca-de-calça - s. f. Golpe
desequilibrante do jogo de
Capoeira. O capoeirista,
aproveitando-se de um descuido
do adversário, segura-lhe a bainha
das calças ou mesmo as pernas na
altura dos calcanhares, puxando-o
em sua direção, para derrubá-lo
para trás.
"Bracear" - (gíria antiga,
transcrita em 1886 por Plácido de
Abreu) v. Dar pancada com os
braços.
"Bramar" - (gíria antiga,
transcrita em 1886 por Plácido de
Abreu) v. Gritar o nome da
província ou casa a que pertence
o capoeira; no século XIX, no Rio
de Janeiro, os capoeiras dividiam-
se em maltas, cada uma
dominando uma freguesia (ou
província), e se enfrentavam
amiúde.
Brevenuto - s. m. Corruptela de
Bevenuto. Nome próprio
personativo, do italiano
benvenuto, bem-vindo.
Burumbumba - s. m. Uma das
denominações do berimbau,
registrada por Fernando Ortiz, que
tem trabalhos extraordinários
sobre a etnografia afro-cubana.
Ortiz fornece-nos uma informação
valiosa: a do uso do berimbau nas
práticas religiosas afro-cubanas,
coisa que não se tem notícia de
outrora se fazer no Brasil, e nem
tampouco em nossos dias, a não
ser nas práticas religiosas de após
o último Concílio Ecumênico, com
o surgimento de missas regionais,
como a conhecida pelo nome de
Missa do Morro e outras, onde o
berimbau, juntamente com outros
instrumentos africanos, tem papel
importante.
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